sábado, 24 de setembro de 2011

Só 10 anos? A parada é mais antiga...


          


      Ainda tem quem se assuste, mas não é o meu caso. Não que eu seja frio ou indiferente ao ocorrido, que foi triste, mas eu realmente já esperava. Pra quem não viu nos jornais, um resumo com cara de manchete de jornal de R$ 0,25 (que atualmente custa R$0,50):

               Garoto de 10 anos atira na professora e depois comete suicídio.


      Antes que comece a ficar tenso, informo logo: totalmente fora de questão nesse post falar mal desse pai, que já sofre e muito. Esse caso, na realidade, me fez lembrar algo que me preocupa em muito dos pais que conheço, de idades diferentes. Uma coisa chamada ausência.
      Não sou pró-ditadura no lar; odeio “Faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço”( frase que não educa, apenas instiga a curiosidade por ‘aquela coisa boa que ele pode fazer na frente de todo mundo, mas eu não’), mas enxergo com certa clareza a limitação das crianças, que chegam ao mundo com a cabeça vazia de informações, incapazes discernir (como nós adultos fazemos, com os valores que prezamos como massa), o que é real e certo, o que é fantasioso e até mesmo o que é prejudicial. E se essa limitação existe, creio piamente que caberia aos pais superivisionar e orientar a gurizada, no conteúdo que entrará nas cacholinhas da prole através das telas, telinhas, telonas, pois tão influente quanto o EXEMPLO que os pais devem dar sobre o que ensinam, é a programação televisiva. Pra turma que ‘sempre se divertiu com jogos de tiro, mas nunca atirou em ninguém’ convido pra um passeio na minha máquina do tempo. É grátis. Apertem os cintos e venham.
      Ninguém nasceu adulto, lógico (embora eu conheça algumas pessoas que realmente não me permitem imaginá-las como crianças no passado, mas deixa isso pra lá, né não?) Mas e você: O que você queria ser quando crescesse? Você brincava de quê? Eu tinha uns 6,7 anos e queria muito ser dublador de desenhos animados e por isso ‘ai’ das fitas cassetes que estivessem dando mole pela casa. Quando eu precisava, era “REC” em todas. Gravei “programas de rádio” com minha voz até cismar que era cantor... e dá-lhe paródia. Enjoava do rádio e desenhava, criei uns personagens (com total influência do mestre Maurício de Souza) que ainda sei desenhar até hoje, fazia gibis deles. Isso desde o Jardim II, pergunte aos meus pais só! Aí enjoava do papel, Superamigos na Manchete. Cheguei onde queria.
      Quando saía do ‘voando’ banho com minha “capa” no pescoço, era da minha vó que vinha a bronca pra eu parar de brincar de Zorro. Isso porque na geração anterior, os garotos brincavam disso e as mães temiam que eles pulassem de grandes alturas com a certeza que se dariam tão bem quando o justiceiro mascarado. Com o passar do tempo vieram outros heróis de capa que, de fato, nunca se estabacam no chão (ao contrário de algumas crianças que tentaram imitá-los). Sim, as crianças às vezes imitam seus heróis. Surpreso? Lembre-se de você! Você imitava alguém, ora essa! O único problema hoje em dia é que, se por um lado esse herói é representado por um pai/mãe que trabalha com seriedade e vence a luta diária, existe também o Zorro e o Super-homem dos tempos modernos. Refiro-me a personagens com verossimilhança tão bem trabalhada que até pros grandinhos, fica difícil apartá-los da realidade. Eles estão nos games, desenhos e brinquedos gratuitamente violentos que, na verdade nem acrescentam nada àquela cabecinha que ainda com uma mente muito receptiva ao aprendizado com muita qualidade, livre de problemas.


Não que eu seja um expert. Aliás, sou mero espectador do mundo que me rodeia e ainda nem tive a honra de pegar nos braços o neném que receberá meu sobrenome, mas desde já me coloco firme: Prefiro meu filho brincando de LEGO e jogando jogos educativos ou que simplesmente estimulem a leitura e/ou o pensar da criança, do que comendo os plásticos que querem me fazer comprar em cada dia doze de outubro (nada contra Nossa Sra. De Aparecida, prometo). Afinal esses brinquedos são mais baratos que um jogo de videogame de última geração, não gastam luz, dá pra todo mundo brincar junto (família, saca?)... Penso que se é pra ceder e presentear com um brinquedo moderno, porque as crianças gostam mesmo, que pelo menos não seja a prioridade, que não se faça do PC ou da TV uma babá, porque os resultados desta criação pode não ser o esperado. Pode ser o inesperado. O resultado pode ser virar uma triste matéria de jornal de R$0,25 que agora custa R$0,50.
      Preciso repetir o que falei no início, é mais forte que eu: NÃO ESTOU FALANDO DESSE PAI QUE ESTÁ SOFRENDO. Estou falando aos pais que não querem sofrer, e por isso não trocam sua presença física e psicológica por presentes sofisticados. Dos pais que ao invés de se aproveitarem de sua vantagem física pra FERIR seus filhos pequenos, usam as palavras pra orientar. Essa dica me ocorreu junto com a lembrança que um dia os papéis se invertem. Os fortes de agora serão os indefesos e os indefesos estarão adultos. Se os pais trabalham agora em ensinar valores de dignidade, trabalho e amor,colherão os frutos. Os que deixam nas mãos das babás elétricas, podem colher o tal fruto inesperado. Nesse último caso, só me resta desejar boa sorte, se não mudarem a postura. É fácil falar, claro! Eu sei disso, concordo e espero que você já tenha feito isso... Falar, conversar... com seu filhote! E já! Tá lendo o Post ainda?! Vai lá brincar, vai?!