terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Uma noite longa pra uma vida curta.

Um fim de semana especial. Reencontrei amigos recentes e também algumas de minhas qualidades boas, adormecidas por algum motivo que não sei explicar. Mas principalmente me agradou descobrir novas linhas de raciocínio pra tocar a vida em frente, da melhor forma possível.
Começando pelo começo. Fui às Pedras do Arpoador domingo agora, assistir um show gratuito, um presente diário da Mamãe Natureza. É tão revigorante pra mim quanto... sei lá, “comprar sapatos” é para as mulheres. Isso porque quando tem Sol, mar e pés descalços, sinto voltar no tempo até a época em que meu pai empenhava-se em mostrar que a vida pode ser mesmo maravilhosa, dependendo das escolhas feitas. Sempre foi assim: Mostrava as paisagens da minha cidade e dedicava toda a atenção do mundo, nos momentos que estávamos juntos. Conversamos muito, aprendi muito. Foi, sem dúvidas, o mais mágico possível que um humano normal pode ser para uma criança e detalhe: sem truques. Pra você ter uma idéia, televisão era a última opção sempre, mas quando era pra ver TV, fazíamos isso lado-a-lado. Lembrei até da estréia de Black or White do Michal Jackson, Simpsons, os seriados japoneses que eu via... Diversões eletrônicas também ficavam pra depois. Escolha minha. Não que faltassem os presentes nas devidas épocas, mas quem precisa de brinquedos caros e plásticos, que matam a fantasia, quando se tem um pai mergulhador/desenhista disposto a ceder seu valioso tempo de adulto todinho pro filho? O cara me ensinou a pegar jacaré gritando NETUNOOOOOOOOO pra não dar errado - macete que trago na memória desde os 6 anos. Legal também era ir na biblioteca com esse meu amigão bombeiro. Ele disse que meus melhores amigos seriam os livros, por serem capazes de ensinar. Hoje concordo demais, entendo plenamente e quero que fique assim documentado o agradecimento para o meu adulto-modelo, que sempre achou graça da minha tagarelice. Apesar de ele mesmo ser tão descolado, sempre pareceu ficar espantado com minha facilidade de abordar pessoas novas e lançou um bordão que repetimos um pro outro, em cada reencontro, até hoje: Você conhece todo mundo! Tal pai, tal filho, rs...
Depois de pensar nessas coisas, fui curtir Daniel Rolim e sua bossa nova maravilhosa no quiosque “Quase 9”. No caminho, esbarrei com um casal recém-chegado ao meu coração. Chamam-se Douglas e Tafany. Fotos, piadas e uma noite excelente começava, embora eu mesmo não soubesse disso Por exemplo, tive nessa tardinha a sorte de presenciar um saral, como há muito não via. Com direito à uma belíssima contadora de estórias que veio do Recife. Fui convidado pelos poetas da noite, inclusive pelo próprio Daniel, a conhecer um espaço de saral das redondezas. Poesias à parte, também tive o privilégio de fazer 3 novos amigos que me acompanharam naquela alegria toda até umas 02:00, em plena véspera de dia de trampo. Estava muito claro que o quarteto formado não queria que a noite acabasse. O respeito reinou pleno entre nós, a aí noite fluiu de maneira impecável. Graças a Deus, já estamos devidamente adicionados na famosa rede social azulada. E que venham os reencontros com eles e comigo mesmo. Amém.
 Já ouviram dizer que não podemos entrar duas vezes no mesmo rio? Eu acredito cada vez mais. Mas também creio que dependendo do pára-raios, pode sim o raio cair mais de uma vez no mesmo lugar. Então voltei à praia nos dias que seguiram até a atual data. Mais pôr do Sol. Mais ondas maravilhosas e foi nelas que encontrei minha nova lição. Aliás, me dei conta ao sair do mar e não dentro dele. Notei que enquanto meu corpo secava da água salgada, as coisas que me entristecem e afligem começavam a voltar lentamente pra minha cabeça ali mesmo, em plena praia. “Mas é claro!”, pensei. No mar a única coisa que penso é se pego ou furo a onda! Ta aí o alívio! Eu sempre gostei do mar e não entendia o motivo. Agora sei e quero documentar isso também. Tá certo?
Engraçado... não sei se eu estou pirando ou se as coisas estão melhorando*... Vou fazer assim, então: linha na pipa. Nada demais. Apenas me permitir ter outros bons momentos como esse. Cedendo minha energia boa mais intensamente, por que tenho de sobra (graças a Deus novamente) a quem desejar e  perceber com mais atenção quem tem energia compatível para me passar. Tenho certeza que um pouco de bem-estar mútuo fará bem a todos. Sem mais, desejo ‘boa sorte’ pra todos nós daqui por diante. Mais do que nunca.





*Citação de Mamãe natureza - Rita Lee.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Pax Vobis


   Enfim é chegada a hora de desmistificar o nome. Pra quem não sabe ainda, trata-se de uma de minhas bandas favoritas porque além de ouvir, ainda me cede o privilégio de poder tocar! A pronúncia dessa expressão em latim seria “PAX VÔBIS”, até onde me explicaram. Quem disse foi um amigo muito católico e inteligentíssimo. Trabalhamos juntos em 2003 e lembro quando ele chegou pra rapaziada antes de mais um dia de trabalho e cumprimentou a galera; nada de “Bom dia”, mas sim um sonoro ‘ Irmãos... Pax Vobis’! Assim, na maior naturalidade. Curioso, pedi que explicasse o significado daquele trava-língua inédito. “A PAZ SEJA CONVOSCO” , ele disse, e é um voto. Gostei tanto daquele cumprimento inusitado que uma idéia de música invadiu a mente, falando sobre esse mundo conturbado em que vivemos... Não demorou a ficar pronta, indignação é o que não falta.

Sabe banda ou cantor que toca música com seu próprio nome? “Like a Rolling Stone”, “Roupa Nova”, “Rita Lee”, “Eu queria ser Cássia Eller” são alguns exemplos de canções gravadas pelos próprios artistas citados no título. Eu vejo o maior charme nisso. Só que as pessoas engasgavam na hora de falar esse nome tão curto, mas cheio de boas intenções. “Ah! É feio!” pra lá; “nome de detergente” pra cá e a banda foi seguindo, com constantes tentativas de mudança nome. Até que, num dia qualquer, a necessidade de ajustes culminou na troca de TODOS os membros. Era o recomeço batendo à porta e trazia com ele uma preocupação nova pra cabeça.

                                  Qual será nosso novo nome?

     Foram abertas votações entre os integrantes na época para o nome, uma vez que eu já tinha sido convencido que anterior era difícil. Qual não foi minha surpresa porém, quando Anderson Reis (Pato) – Guitarras, violões e em breve vocais – respondeu rapidamente que Pax Vobis era um ótimo nome, que gostava do significado. Dias depois, Rafael Calazans – bateria – declarou que apesar do ‘não-português’, o nome lhe soava simpático. Thaís Marinho – vocal e percussão – apoiou, assim como G. Luffy, dos teclados. O recém chegado Douglas Reis – contrabaixo – teve uma das reações mais interessantes de todas que já vi:
-Nome legal! Curti muito... O que quer dizer?
     Deixo claro que foi difícil me fazer acreditar que poderíamos mesmo voltar a usar esse nome. Um trauma, eu acho. Mas foi ficando novamente, agora poe opção deles, até me convencerem. Agora, somos de fato a famíl... Deixa!
      Por isso nós temos o nome que você conhece: Pax Vobis. Difícil? Tem Red Hot Chilli Peppers... Estranho? Tem Engenheiros do Havaí!!! Ou você acha que não existem essas palavras? Tudo bem, Aerosmith e Beatles também não existem, não seríamos os primeiros. Porque posso com toda a certeza do mundo afirmar que essa turma só quer coisas boas, que a paz no fim das contas seja coNosco.
      Foram apenas curiosidades. Pax Vobis pra você agora é outra coisa, não se traduz apenas em mero voto. Sonhadores, jovens, maduros, aprendizes, amigos. Essa é minha tradução livre por enquanto. Quem nos ouve, assimila, assemelha-se e assume estar de acordo com a intenção de recuperar a Música (que há tempos anda meio doentinha, coitada, rs). Agradecemos de coração por essa vontade de fazer participar desse sonho todo. Aliás, em breve, teremos novidades. As gravações estão a caminho.  Mais shows, mais fotos, mais desafios... Tá quase tudo pronto! Se quem pretende acompanhar está esperando um convite, está aí o convite: Vem com a gente!

Link da banda:


      Texto revisado por Rafael Calazans do blog "O maluco tá doido".



Estressadinho

Lembro de dizer que fui num casório, no post sobre fones de celular. Não detalhei muito pra não ficar maçante, mas teve uma coisa daquele dia que não posso deixar passar batido. Dificuldades iniciais: A cerimônia e festa estavam marcadas num distrito que, se me deixar sozinho, certamente me perco. Chama-se Duque de Caxias e fica na Baixada Fluminense – RJ. Pra minha alegria, Su, uma ex-colega de trabalho, hoje super-amiga (não é a Mulher-Maravilha, sem graça!), pediu que eu fosse pra casa dela e de lá pro evento. Combinados, embarquei num indecente ônibus velho de 2,70 que leva o passageiro ao centro de Caxias. Do ponto final dele pro bairro desejado, mais moedas do seu porquinho serão necessárias (pode ser bem custoso conhecer os Rios Artificialmente Aromatizados da Baixada, uma belíssima parceria da prefeitura com a população local). Sem mais delongas, troquei de bus.

Rapazes que estão lendo até aqui, respondam: Roupa social no calor não incomoda DEMAIS? Sapato de couro do tamanho errado, que fica roçando no tendão até tirar a pele, não seria uma forma bem cruel de castigar alguém que se odeia? Deixa a resposta no campo “comentários”, logo depois do post, por favor. Muito agradecido. Mas voltemos logo ao assunto, antes que esfrie:
Quando pequeno, meu pai ensinou que devo agradecer os motoristas          de ônibus pelo simples fato de terem feito um bom trabalho, garantindo sua chegada ao destino desejado. Pra mim faz sentido, afinal, gentileza gera o quê? Então, e é com base nesse álibi, que prometo que fui o mais cordial possível no diálogo a seguir:

-Olá amigão, boa tarde. Passa no Caxias Shopping?
-Passa.
-Veja lá, hein... Caxias Shopping (risos)!

Ele olha assim :              ¬_¬’

       -Passa.

Entendi logo o recado daqueles olhos e fiquei quieto no meu canto, até um telefonema me tirar o sossego. Nele, Su pergunta:

       -Onde vc está?
       -Regina's não sei o que via Gramacho...
       -GAROOOOTOOOO!! Ele não passa aqui!

O casal sentado à minha frente notou meu desconforto e ouvi deles o que eu menos queria naquela tarde: Vai ter BBB até 2036!!! Brincadeira, o que eles disseram é que não passava no bendito Shopping. Afobação da minha parte ou não, atrasado e perdido é que não poderia continuar. Aí eu fiz:

      -Ei, amigo! Passa mesmo no Caxias Shopping? A menina disse que ele não pass...
      -Ô, p*rra! Eu já não disse que passa?!?! Não sou moleque... Bla bla bla  Grrrr Au! Au! Au!

Só escutei com clareza o primeiro palavrão, porque o bicho resmungava e grunhia demais, meu Deus! Falava que se fosse mandando embora, adoraria... E que aquela vida pra ele já não dava mais... Confuso, já nem me preocupavam os pontos de ônibus que formavam o itinerário, mas sim, onde aquele motorista louco iria parar! Somente ele, uma passageira assustada e eu no carro (o casal que armou a bomba já tinha caído fora). Só tive medo dele, de repente, começar a gargalhar e entrar na contramão da Washington Luís naquela velocidade toda. Acho que ele só não fez  por que estava chegando na parada obrigatória para fiscalização da viagem. Chegado, o fiscal tentava dizer algo e era interrompido pelos brados do furioso piloto, fazendo queixa de mim (se você duvida disso, tudo bem - eu também não estou acreditando até agora). Bem, essa palhaçada toda despertou meu lado Pica-pau com força total, há muito tempo inativo, e por isso é que fui à janela do conferente e perguntei em bom som (outra vez cordial):

-Fiscal, passa no Shopping?

Rapáissss... Transformers in live diante dos meus olhos!!! O cara quase virou um espremedor de varandas! E quanto mais calma eu pedia, mais Donald Duck ele ficava. Pra todo mundo que embarcava ele avisava a mesma coisa:

-Ó, passa no Shopping Caxias, tá?!

Por fim, quando chegou o meu ponto, e antes de descer, falei que tinha filmado tudo (mentira, meu celular nem filma) e que haveria uma reclamação terrível na empresa, sobre ele.

FIM

Por trás da comédia desse texto existe um lance muito sério: A “não-valorização” do funcionário da linha de frente. O “peão”, a galera que dá a cara pro povo bater. Não parece haver por parte da maioria das empresas nenhuma intenção de bonificar seu bom empregado. Estou falando de grana, pois é o que falta. Salários decentes pra quem dá sua energia vital pra o nome da empresa! Rir é legal, mas a gente podia firmar um trato definitivo, que acham? Eu tempero nossas mazelas com bastante humor ácido, pra ficar mais fácil de botar pra dentro... e  pensaremos mais, certo? Menos BBB, menos Colheita Feliz... Um boicotezinho não faz mal a ninguém... A gente rejeita um pouquinho do escambo que jogam pra gente na Tv e internet e pronto. Sem grande compromisso, só pra variar. Ainda acredito que a gente vai olhar pros engravatados e informá-los que agora vemos ‘suas crianças derrubando reis, [e vão] cuspir de novo o lixo em cima de vocês”. Quem é o país do futuro do papai, hã?   Te vejo na próxima postagem!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A reportagem disse tudo.

É um momento especial em minha vida. Agradeço a paciência de quem está acompanhando as novidades, por que estou aprendendo a “blogar’ há pouco tempo - mas gostando muito. Percebi logo no primeiro texto, que o pessoal está curtindo esse aprendizado junto comigo. Obrigado. Quando mentes afins comentam, um milagre acontece: Aprendo mais sobre as outras pessoas e claro, sobre mim mesmo. A mente borbulha de idéias e um novo assunto é postado. E pra quem leu até aqui, já que está a um passo de conhecer mais da jovem obra deste “colunista-repórter-amador”, a única exigência que faço (sim, já tenho exigências) é que o título AMADOR não seja esquecido, pois além de não ter cursado essa área, vou dedicar minhas próximas palavras justamente pra dizer o que acho de certas atitudes do jornalismo profissional. Em especial, o televisivo.
Na corrida acirrada pra informar ‘em primeira mão’, não é difícil assistir notícias sobre os planos de inteligência da polícia contra o crime organizado. Disfarces, equipamentos, armamentos, mas também as deficiências nesses mesmíssimos itens. Honestamente, acho que além de desmoralizar a instituição (que já tem explicitada sua remuneração absurdamente incompatível com seu TRABALHO heróico), dá de bandeja de prata ao bandido o mapa da mina. Tirando o famoso vídeo do repórter global Alexandre Garcia, cheio de coerência (corre à boca pequena que essa reportagem teria ameaçado sua carreira, de tão reveladora)¹, sobra apenas uma “cagoetagem” constante a quem não devia saber o secreto. Por que “informar” à população como é o interior de um Caveirão se não iremos entrar em combate? Por que perguntar ao soldado quantos mais estão em campo na ocupação recente do Complexo? “É segredo.” Foi o que ele falou com os olhos, enquanto a boca repetia às perguntas insistentes com secos “eu não sei”. Elogiável! Falando por mim, não me incomodaria ser um mal-informado se isso garantisse a segurança dos outros neutros. Eu não ficaria ofendido nem triste. Ficaria mais tranqüilo acreditando em Serviço Secreto (de verdade) capaz de surpreender os malfeitores, do que vendo toda a informação escorrendo pela tela da TV graças a uma mídia linguaruda (aí sim DEPOIS da justiça feita, a notícia. As acusações, as provas, sem detalhar a tática, pra usar o plano no futuro talvez). É o que acho.
Recado dado aos que fazem cobertura desnecessária de tantos detalhes, sonho agora em ter a chance de um dia perguntar ao outro time, já que perguntas indiscretas não incomodam: Se por um lado os telejornais perguntam demais (e acusam logo de censura a quem tenta pôr um pouquinho de ordem no coreto), por que há quem responda? Por que não fazem como o jovem soldado, que no Complexo nada sabia? Poderiam passar a responder o entrevistador curioso, igual se vê nos filmes: “Essa informação é confidencial.” Pronto. Assim afastaria um pouco as câmeras. Se bem que mesmo de longe a filmagem às vezes atrapalha... É ou não é? Alguém sabe o número certo de fujões naquela cena histórica? Mais de 40, certamente. Aposto que Ali Babá morreria de inveja se visse aquilo. Tava lá: Aeronave, policiais, baratas nojentas e as lentes. E a ONU, creio (em espírito, com seus DH a tiracolo – pra brigar com o Brasil em caso de morte de algum daqueles possíveis inocentes do vídeo). Resultado: Cutucaram o vespeiro e não eliminaram a praga por completo. Ai de nossas fazendinhas. Será no fim vai rolar uma colheita feliz?
Talvez pareça pessimismo da minha parte e sei que posso acabar sendo julgado assim por alguns, mas fala aí: Não seria mais legal ver matérias DETALHADAS com perguntas de saia justa pros políticos que nos desrespeitam diariamente, por exemplo? Nem precisaria ser sobre vida pessoal, não nos interessa, mas o trabalho mal-feito já seria um prato suculento. Poderia também ter informes regulares sobre como incomodar os donos daquelas redes de lojas com 50 caixas na unidade, mas somente 2 operadores que se viram pra matar filas literalmente infernais. E o salário ÓÓóó...  É falta empresa desrespeitosa? Não é.
Está aí! Vamos pesquisar juntos algumas leis simples que são diariamente boicotadas contra nós consumidores? Já adianto: Seguros de cartões, Taxa de boleto e  Taxa de comanda perdida NÃO PODEM ser cobrados. Eu explico o motivo nas próximas postagens. Informar será provavelmente minha missão no nosso próximo encontro, combinados? Tá certo, então,rs...


* Você saberá por e-mail quando o blog for atualizado se escolher segui-lo. Essa opção está no alto à direita. E o espaço pra comentar fica logo abaixo. Fique à vontade.  

¹ Vídeo do Alexandre Garcia, citado no texto

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Fone de celular – Questão de equilíbrio.


Meu segundo post aqui no tal de Blog, infelizmente é um tema nada inédito. Mas vejo nesta página uma excelente ferramenta para desestressar, e ao mesmo tempo  documentar o mal-estar causado por certas coisinhas que acontecem no dia–a–dia que tem como raiz a Joselitice. Quem se identificar com as palavras desse singelo desabafo pode, por favor, divulgar o link pro merecedor ou afim. E quem se doer... Vamos lá!
 É de decibéis que vou falar, caros amigos. De alto-falante, fone de ouvido, educação; bom senso...
Hoje é segundona e depois de um fim de semana sem sal (salvo apenas pelo casamento de uma grande amiga do trabalho), achei que zarpar pra dentro da noite seria uma boa estratégia de resgatar a noite de sábado. O primeiro sinal que poderia não dar certo veio do céu: Chuva. Mas quem me conhece sabe que sou do tipo que não acredita que tanto azar possa ser recebido num corpo só, e então tenta. Tentei, saí, cheguei em estado de sopa na fila da casa que escolhi pra me divertir - boate Arena (pronto, falei). Sabe medir com os olhos um quilômetro? Basta olhar aquela fila. Aquilo era certamente um quilômetro ou margem de erro pra mais. Reparei no público, nada novo. Tudo exatamente igual à época que deixei de ir. Decidi cair fora. Entra em cena o vilão – toda trama tem um.
Sentado numa chacoalhante Van sentido Madureira, foi logo no primeiro ponto depois do meu, que subiu um grupo de jovens. Se lembro bem, 1 “maluco” e 4 “néns”. Posso falar a verdade mesmo? Eu já sabia o que ia acontecer, assim como você sabe. Mesmo se tivesse começado sua leitura aqui no terceiro parágrafo, saberia. Então se eu sabia e você sabe, acho que foi por isso que uma das Néns, sem cerimônias, sacou logo de sua bolsa - com muita elegância à maneira dela- seu aparelho celular e presenteou os tripulantes da lotação com música boa. Vou chamar de Música Boa AQUILO que tocou na minha cabeça durante aqueles intermináveis 40 minutos, ok? Deixo livre sua imaginação trabalhar também, fique à vontade o monte cenário, as roupas, cabelos, aromas, repertório... pra ajudar, informo: eram quase 00:00.

Alguém merece?

Talvez seja mesmo comigo o problema. Tá certo então, rs... Eu paro de reclamar. Mas resmungando ainda! Afinal, não sei como algumas pessoas acham que é mentira ou brincadeira de quem reclama do ruído alheio! Mano, incomoda sim! Imagine se num momento de fúria, tristeza, ou mesmo de mera distração com a paisagem da volta pra casa (situações em que o silêncio é recebido como uma dádiva), eu aparecesse e colocasse no alto-falante do seu lado, músicas e ritmos que você odeia. Estaria tudo  tranqüilo?  Ou troca tudo: O dia segue perfeito, tudo muito iluminado, e normal, voltando da praia excelente, e de repente, num celular bem do seu lado: Funk ou pagode mal canta... Digo, Música boa! Iria sentir-se sortudo, ou iria sentir-se irado irracionalmente pela falta de respeito à suas orelhas? Na boa?! Pensei que no fim de 2010 já era sabido por todos que “cada um tem um gosto”; “gosto é igual c*...”, ou que “se todo mundo gostasse de vermelho, que seria do amarelo”, bla, bla, bla... Pensei que haveria finalmente RESPEITO ao próximo. Mas isso é coisa da minha cabeça, como sempre, né? Não dá pra plugar um fone e ouvir sua própria setlist de Música Boa tímpanos adentro, de tão boa que é. Compreendo. Eu também não teria esse mau gosto. Pode-se então afirmar que pelo menos nisso as idéias se cruzam. 

domingo, 5 de dezembro de 2010

Guardado no espelho.

Pra começo de conversa, caro amigo, todo preconceito é burro, fato. Para ilustrar minhas palavras, relembro 3 crimes inesquecíveis do Brasil. O caso Geisy Arruda e seu vestido curto, o da doméstica Sirley, que ao ser confundida com uma prostituta, foi violentamente agredida por 5 rapazes possuídos pelos espíritos de Yoga, Shun, Ikki, Seya e Shiryu, se bem me lembro. E o índio queimado em Brasília, lembram? Essas três pessoas incomodaram jovens transeuntes por que eram (ou simplesmente pareciam ser) diferentes. 
E já que tocou no tema HOMOFOBIA em plena onda de ataques verbais e físicos recentemente veiculados pela imprensa, (estou falando agora de outros 5 jovens – Jason, Zack, Billy, Trinny e Kimberly - atacando com lâmpadas a cabeça dos outros em SP; dos projéteis disparados por militares na barriga dos outros; das bobagens disparadas por certo deputado militar no ouvido alheio em rede nacional; da tag idiota lançada por um covarde virtual no Twitter – cujo perfil descansa em paz. Amém), gostaria de deixar uns tópicos com opiniões minhas, mas deixo desde já um convite a reflexão e para um diálogo sadio pra quem leu até aqui. Começo.

Não sei se notou que a rejeição gratuita aos homossexuais especificamente, tem desculpas muito infundadas, PATÉTICAS, diria. Exemplos sobram:

- Gays representam o fim da Família - Na prática, penso que os gays podem ser uma nova configuração de família, isso sim. Um tipo de família que traz como diferencial uma adoção muito planejada e conseqüentemente, amor real pelo filho(a) escolhido(a). Sem essa palhaçada de jogar neném no lixo, valão, vaso sanitário.  

 - Homem entrando na Igreja de véu e grinalda. Não admito isso – sou contra o casamento gay!  Entendo esse ponto de vista perfeitamente. Aliás, já abro este tópico esclarecendo que há muitos homossexuais que também não se agradam da idéia. Já União Civil é outro assunto. Pulando o clichê ‘herança em caso de morte’, pois isso é algo que se resolve com uma simples SOCIEDADE entre as partes, a faxina de hipocrisia seria útil, garantindo os serviços de assistência psicológica, jurídica e social ao parceiro (a) em planos de saúde, lazer em clubes como o SESC, cujos benefícios só podem ser gozados pelo titular + dependente ( cônjuge e filhos). Em suma, União Civil viria, garantir direitos de quem tem direitos, a quem talvez inclusive tenha ajudado seu par a alcançar tamanho grau de sucesso. Acho justo que possam compartilhar isso em VIDA. Os dois juntos.
 

- Deus fez o homem pra mulher, pra que pudessem ter filhos. Gays não podem ter filhos. Logo são pecadores.
    Religião é brabo. Não vou me estender muito, mas garanto que o Deus da Bíblia não é tudo em que as pessoas acreditam ao redor do mundo. Há outras crenças, acredite. E devem ser tão respeitadas quanto a sua, não acha? Falando em respeito, sei que ensinam que a Bíblia proíbe essa orientação. Sendo assim, por tudo que li e aprendi até hoje e por RESPEITO à crença dos outros, fico na minha e concordo que não há nada pra discutir. Segundo aquelas normas, está errado e pronto. Mas torno a dizer: Fé não é só na Bíblia. Ateísmo e agnosticismo são “situações espirituais” válidas. Sem falar nos grupos que adoram outras deidades...

    Agora, se for pra falar de pecado no conceito cristão, fica uma fresta.  O princípio filosófico usado para condenar os LGBT, por si só, sai pela culatra quando usamos uma pequena dose de raciocínio:

Se um casal (heterossexual, logicamente - mesmo quem em matrimônio devidamente consumado), tem consciência de sua esterilidade, mas insistem em transar, não seria pecador em grande escala? Copulando a vida inteira sabendo que não vão reproduzir. Pense, na boa, pense.

- É desnatural: Essa é rápida, de fácil compreensão e adianto que QUALQUER dicionário de língua portuguesa ou mesmo o Google, podem ser úteis nessa hora. Ora, se NATURAL é “1 relativo à natureza, da natureza; 2 que não foi feito pela mão do homem [e é exatamente por isso que a expressão opção sexual me parece condenável]; 3 normal; 4 espontâneo”;  mostre-me, por favor, onde está o desnatural?! Afinal, através dos séculos, entre tantos lugares e sociedades totalmente distintas entre si, algumas EXTREMAMENTE RÍGIDAS com esse assunto, mesmo nessas, há pessoas com essa variação da sexualidade. Tanto há que para elas foram criadas regras como matá-las ou levá-las a um tribunal para julgamento, como se fossem criminosas. Sim, sexo com a pessoa desejada, mesmo com a permissão e intenção dela é crime em alguns lugares... Mas espere! Não pretendo com essa essas premissas, endossar que pedofilia, digamos, tenha que ser respeitada por ser “normal”. - Normal?!?!?! - você pergunta. Explico.
Hipocrisias à parte, todos sabemos que há essa estranha vereda maldita ameaçando nossas crianças, minto? E por isso usei o termo acima. Só por que existe sim e todos sabem. Normal no sentido de comum a todos, entendem? Mas pedofilia é definido em laudo médico como “um transtorno psiquiátrico em adultos ou tardia adolescentes (pessoas com 16 anos de idade e mais velhos), caracterizada por um ou exclusivo interesse sexual primário em crianças pré-púberes”. E aí está a diferença. É onde as tendências sexuais ficam totalmente diferentes. Sexo com crianças inocentes nada tem a ver com fazer amor, trocar mútua e voluntariamente carícias com outro adulto de sexo oposto ou igual. Aliás, fazer sexo apenas, na maioria das vezes é bem diferente de FAZER AMOR. E quem não vê diferença nenhuma nisso me comove.
Pra fechar a tampa da naturalidade das coisas, venho informar o que pra alguns já é velharia: O homem não é exceção do reino animal neste sentido. São conhecidas centenas de outras criaturas que tem relações homossexuais ao logo de sua vida inteira até o fim. Pode acontecer de um leão por exemplo, escolher UM outro leão para si como parceiro sexual. Ele pode eventualmente, acasalar uma fêmea, pois tem instinto de reprodução, mas volta ao seu parceiro sem jamais “traí-lo” com outro leão. Não guarde seu dicionário ainda. Ele será útil mais uma vez.

-O gays querem que todos sejam iguais a eles/Um dia será errado ser hétero.  Confesso que essas me deixam um pouco irritado. Por acaso houve um censo mundial entrevistando TODOS OS GAYS do planeta? Penso em reclamar por que não vi passar nenhum recenseador com roupa de motivos arco-íris na minha rua. Esquivando da conversa fiada, afirmo: Essas afirmações são muito infantis e, sinceramente: soa como burrice! É como não saber discernir que o fato de ter um Dia da Mulher, ou da Consciência Negra, ou do Índio, não significa que essas pessoas aguardam uma mudança radical nos costumes e tradições do povo da Terra. As datas servem pra lembrar que é um globo imenso, o lugar onde moramos e que todos podem curtir o direito de ficar na sua. A humanidade não está ameaçada de acabar virando uma boate GLS gigante, aonde aos poucos deixaremos de procriar. Além do mais, o instinto de reprodução existe, falamos disso acima - e existem muitas pessoas homo com filho... Outra coisa: ao contrário do discurso do deputado falador, não falo sobre mães de cueca, nem pais de calcinha. Vivem normalmente entre as outras pessoas e sua intimidade não afeta ninguém. Passariam despercebidos se não declarassem abertamente o tipo de amor que sentem. Certo cantor latino, pai de dois filhos falou sobre isso há pouco tempo. Sem pânico! O cara tem ainda a mesma voz e continua causando gritinhos das fãs. Saldo positivo. Agora, nos casos de uso de violência contra os grupos pra provar sua macheza, isso é uma atitude condenável sim.  É lógico que tem pessoas que não se comportam com educação, pessoas que não se dão ao respeito, sem limites e também acho que nada justifica... Mas isso é mal do ser humano, e não um privilégio exclusivo dos gays. Dar uma cantada mal dada, na pessoa errada também não. Não faz muito sentido isso de sair dando chilique por que uma pessoa de sexo igual te flertou. Quem tem boa aparência ou se cuida, naturalmente vai despertar interesse nas outras pessoas, não há culpados. E recusar com educação a proposta intencionada de alguém não vai mudar sua orientação sexual, garanto. Cada um sabe muito bem o que é. Medo de virar é só pra quem sabe que de fato, pode acabar... virando. Minto?

Mas se depois de tudo dito, ainda tiver alguém dizendo que “os ‘viado’ são escroto por que dão o c*”...

Por mim tudo bem. Pergunto: Então seu problema é só com os sexualmente passivos, os ‘viado’? Bom saber que algo estaria claro, não fosse a falta de informação. Voltemos rapidamente ao dicionário que pedi pra que você não guardasse, no verbete HOMOSSEXUAL. Note que não há essa distinção entre ativo e passivo. O “ativo” com alguém do mesmo sexo é tão homossexual quanto o passivo naquela cama. Estranho e incrível como isso gera conflito em alguns e realmente não entendo o porquê!!! Acho que todo mundo cresce um dia, aí pensa. E ao raciocinar com a própria cabeça, deveria enxergar com clareza que os motivos daquela discriminação não têm base sólida. Mas serei legal mesmo a esses, deixando uma dica de amigo: Não adianta matar, agredir fisicamente, xingar, fingir depois do sexo que não conhece, ficar fazendo discursos agressivos contra o grupo. A grande verdade é que, caso haja um homossexual vivendo espremido dentro do seu armário bagunçado, especificamente no espelho, quase que saindo porta afora, é um assunto que só você vai poder resolver. Mais ninguém. Acha que minto? Se quiser um diálogo sadio... Seja bem-vindo.


Rodrigo Varanda em 05/12/2010
Texto inspirado pela frase:

"cedo ou tarde, a homofobia se mostra diante de nós, da forma mais atroz... que decepção, meu Deus! O mundo ainda anda muito feio..." no Perfil do Orkut de meu amigo, Heyner.